José Antonio Pagola.
Tradução: Antonio Manuel Álvarez Pérez
São os últimos momentos de Jesus com os Seus. Em seguida os deixará para entrar definitivamente no mistério do Pai. Já não os poderá acompanhar pelos caminhos do mundo como o fez na Galileia. A Sua presença não poderá ser substituída por ninguém.
Jesus só quer que chegue a todos os povos o anúncio do perdão e da misericórdia de Deus. Que todos escutem o Seu apelo à conversão. Ninguém deverá se sentir perdido. Ninguém pode viver sem esperança. Todos deverão saber que Deus compreende e ama os Seus filhos e filhas, sem fim. Quem poderá anunciar esta Boa Nova?
Segundo o relato de Lucas, Jesus não pensa em sacerdotes nem bispos. Tampouco em doutores ou teólogos. Quer deixar na terra “testemunhas”. Isto é o primeiro aspecto: “vós sois testemunhas destas coisas”. Serão testemunhas de Jesus os que comunicarem a sua experiência de um Deus bom e contagiarem os outros com o seu estilo de vida, trabalhando por um mundo mais humano.
Mas Jesus conhece bem os Seus discípulos. São frágeis e covardes. Onde encontrarão a audácia para serem testemunhas de alguém que foi crucificado pelo representante do Império e pelos dirigentes do Templo? Jesus tranquiliza-os: “Eu vos enviarei Aquele que o Meu Pai prometeu”. Não lhes vai faltar a “força do alto”. O Espírito de Deus os defenderá.
Para expressar graficamente o desejo de Jesus, o evangelista Lucas descreve a Sua partida deste mundo de forma surpreendente: Jesus volta ao Pai levantando as Suas mãos e abençoando os Seus discípulos. É o Seu último gesto. Jesus entra no mistério insondável de Deus e sobre o mundo faz descer a Sua bênção.
Nós, os cristãos, esquecemos que somos portadores da bênção de Jesus. A nossa primeira tarefa é ser testemunha da Bondade de Deus. Manter viva a esperança. Não nos rendermos ante o mal. Este mundo que parece um “inferno maldito” não está perdido. Deus nos olha com ternura e compaixão.
Também hoje é possível procurar o bem, fazer o bem, difundir o bem. É possível trabalhar por um mundo mais humano e um estilo de vida mais sadio. Podemos ser mais solidários e menos egoístas. Mais austeros e menos escravos do dinheiro. A mesma crise económica pode empurrar-nos para procurar uma sociedade menos corrupta.
Na Igreja de Jesus esquecsmoz que o primeiro passo é promover uma “pastoral da bondade”. Temos de nos sentir testemunhas e profetas desse Jesus que passou a Sua vida semeando gestos e palavras de bondade. Assim despertou nas pessoas da Galileia a esperança de um Deus Salvador. Jesus é uma bênção e as pessoas precisam conhecê-lo.