Um só sopro de vida,
uma só urdidura e simetria,
um só ritmo e arfar,
um só fluxo de chama e de paixão,
uma só e santíssima alegria
a todos une e a todos perfilha,
natos do mesmo pai,
da mesma origem,
espelhos da mesma face,
como se gêmeos foram,
herdeiros e sinônimos de um nome –
e santo, santo, santo é esse nome –
que soa no universo e, eco do Verbo,
em cada um de nós é repetido,
como um coro de vozes à distância.
Desvendados os olhos da cegueira
que nos aflige – se Vos descobrimos,
rutilante de luz, em cada vida,
em cada olhar – rodeados estaremos
pelo luar de Vossa Formosura.
Serão então, franqueados os umbrais –
o advento do reino – do Teu reino –
e nele viveremos Tua paz!
Se tudo e todos nós somos Vós – mesmo,
imersos num só sangue, num só ciclo,
num só pulsar do mesmo coração,
no pastoreio de uma só vontade –
que seja feita essa Vossa ordenança.
assim na terra e em nós como nos céus
e que exultemos, então, no arrebato
da transcendência que unge o firmamento.
e ensimesmados nessa santidade
que a tudo banha e a todos exalta.
Roguemos possam todos florescer
e para tanto tenham nosso amparo
e o pão para seu corpo e sua alma
por nós lhe seja dado cada dia
lhes permitindo ser.
Oh ! que funda amargura nos consome,
ao se abrirem por fim os nossos olhos
e vermos que negamos a existência –
em espírito e em carne e identidade,
magnífica e diversa – a tantos seres.
Que dívida nos prende a todos eles,
nossos calados, pacientes amigos,
tão doadores, a quem tanto devemos!
A nossa ofensa seja perdoada,
irmãs e irmãos, pobres e humilhados
ao passo em que, por nós, for apagado
a marca vil de nosso desamor
e em Nós a Santa Face restauremos.
Do mesmo jeito, com que perdoamos,
tão amorosamente ao filho amado
e alegres acolhemos
a toda mansa ovelha desgarrada
que de nós se afastou e ao lar retorne,
que aqueles todos a quem magoamos
possam nos devolver à condição
de Vossa terna e humana semelhança
e em nós – até em nós! –
Vos reconheçam.
E o nosso andar avance jubiloso,
livre das incertezas e desvios
de quem vacila e olha para trás
e a sarça ardente fulja e nos afaste,
da tentação da fuga e da tristeza.
E ante nós resplandeça a Tua glória
e Tu estejas em nós – e nós em Ti -
livres de todo o mal,
Amén!
Escrito por Judith Cortesão em 16 de agosto de 1996,
para seu amigo Lauro Barcellos.
uma só urdidura e simetria,
um só ritmo e arfar,
um só fluxo de chama e de paixão,
uma só e santíssima alegria
a todos une e a todos perfilha,
natos do mesmo pai,
da mesma origem,
espelhos da mesma face,
como se gêmeos foram,
herdeiros e sinônimos de um nome –
e santo, santo, santo é esse nome –
que soa no universo e, eco do Verbo,
em cada um de nós é repetido,
como um coro de vozes à distância.
Desvendados os olhos da cegueira
que nos aflige – se Vos descobrimos,
rutilante de luz, em cada vida,
em cada olhar – rodeados estaremos
pelo luar de Vossa Formosura.
Serão então, franqueados os umbrais –
o advento do reino – do Teu reino –
e nele viveremos Tua paz!
Se tudo e todos nós somos Vós – mesmo,
imersos num só sangue, num só ciclo,
num só pulsar do mesmo coração,
no pastoreio de uma só vontade –
que seja feita essa Vossa ordenança.
assim na terra e em nós como nos céus
e que exultemos, então, no arrebato
da transcendência que unge o firmamento.
e ensimesmados nessa santidade
que a tudo banha e a todos exalta.
Roguemos possam todos florescer
e para tanto tenham nosso amparo
e o pão para seu corpo e sua alma
por nós lhe seja dado cada dia
lhes permitindo ser.
Oh ! que funda amargura nos consome,
ao se abrirem por fim os nossos olhos
e vermos que negamos a existência –
em espírito e em carne e identidade,
magnífica e diversa – a tantos seres.
Que dívida nos prende a todos eles,
nossos calados, pacientes amigos,
tão doadores, a quem tanto devemos!
A nossa ofensa seja perdoada,
irmãs e irmãos, pobres e humilhados
ao passo em que, por nós, for apagado
a marca vil de nosso desamor
e em Nós a Santa Face restauremos.
Do mesmo jeito, com que perdoamos,
tão amorosamente ao filho amado
e alegres acolhemos
a toda mansa ovelha desgarrada
que de nós se afastou e ao lar retorne,
que aqueles todos a quem magoamos
possam nos devolver à condição
de Vossa terna e humana semelhança
e em nós – até em nós! –
Vos reconheçam.
E o nosso andar avance jubiloso,
livre das incertezas e desvios
de quem vacila e olha para trás
e a sarça ardente fulja e nos afaste,
da tentação da fuga e da tristeza.
E ante nós resplandeça a Tua glória
e Tu estejas em nós – e nós em Ti -
livres de todo o mal,
Amén!
Escrito por Judith Cortesão em 16 de agosto de 1996,
para seu amigo Lauro Barcellos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário