terça-feira, 30 de junho de 2009
sábado, 27 de junho de 2009
(At 12,1-11; Sl 33/34; 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19)
Estamos nos aproximando do fim do mês dos santos populares. Somos todos/as chamados/as a ser santos e a ser populares. O concílio Vaticano II sublinhou esta vocação à santidade apresentada por Jesus a todos aqueles/as que desejam segui-lo: “Sejam perfeitos como é perfeito o pai de vocês que está no céu” (Mt 5,48). Celebrando São Pedro e São Paulo a comunidade eclesial inteira – leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos, padres e bispos – recorda dois de seus mais ilustres membros e se propõe a responder de modo criativo e atualizado ao chamado à santidade e a ser povo de Deus. E não esquece de se unir numa suplicante oração pelas testemunhas que, como Pedro e Paulo, são também hoje perseguidas por ousarem viver diferente. Elas descobriram que são enviadas para construir um mundo novo, e querem responder positivamente a esta missão.
“O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças”
Pedro teve muita dificuldade de crer em Jesus Cristo, aceitar sua proposta de vida e testemuhá-lo publicamente. Chegou a renegá-lo diante das autoridades. No primeiro momento, Paulo considerou o cristianismo uma heresia e, por isso, perseguiu muitos cristãos e os levou à prisão. Tanto para Pedro como para Paulo, a fé foi um caminho árduo, marcado por crises, rupturas e buscas.
A convocação à santidade é um chamado dirigido a homens e mulheres normais, a pessoas humanas comuns. A santidade supõe a humanidade de cada pessoa e sua vulnerabilidade, se edifica sobre a abertura que ela mantém, e jamais prescinde dela. É no árduo caminho que dá à luz verdadeiros homens e mulheres que s chega a ser santo ou santa. “Pra construir um mundo novo, o Senhor nos enviou, Aleluia!”
Por isso, a santidade não é como uma medalha que coroa o meritório esforço de um atleta numa olimpíada. Na origem da bondade e do amor que serve sempre está a graça de Deus. É ele fortalece na debilidade, perdoa nos tropeços e estimula no desânimo. A santidade não é a dissimulação ou a negação dos limites humanos, mas o próprio mergulho nelas, com o indispensável oxigênio da acolhida que Deus sempre oferece.
“Combati o bom combate!”
Uma pessoa que vive radicalmente sua humanidade, sem negá-la nem menosprezá-la, “faz a diferença”. Ser santo/a é, conceitualmente, “fazer a diferença”, apresentar um mais de integridade, de bondade e de gratuidade nas relações e nas atividades. Mais que a superação das leis da natureza, este é o milagre que encanta, maravilha e seduz.
Mas santidade é também ação, luta, combate. E não qualquer luta ou qualquer ação ou combate. Quando Paulo afirma “Combati o bom combate”, está resumindo uma vida inteira e intensamente dedicada à afirmação e ao resgate da dignidade de escravos dentro do império romano, das pessoas que o judaísmo considerava estrangeiras e das mulheres cultura do seu tempo inferiorizava.
O próprio Pedro, tão dependente da cultura religiosa do judaísmo, teve que romper com alguns princípios fundamentais da sua tradição religiosa e acolher pessoas consideradas pagãs, como o fez na casa do romano Cornélio. Mesmo assim Pedro teve recaídas, e o próprio Paulo teve que denunciar publicamente suas contradições. A santidade não é um caminho de ascensão retilínea. É um combate que se renova em cada nova situação e em cada nova fronteira. “Pra construir um mundo novo, o Senhor nos enviou...”
“Tu és o Messias, o Filho do Deus Vivo!”
Iludimo-nos quando imaginamos que os santos e santas atingiram um alto grau de densidade de vida unicamente através da repetição de orações ou da aceitação mais ou menos passiva de doutrinas ortodoxas. E a nossa relação com eles/as é infantilizadora quando permanece restrita à busca de frases ilustres ou a pedidos de intercessão.
Como Jesus não cansa de insistir, a fé se mostra nas ações concretas, assim como a qualidade da árvore é comprovada pelos frutos. A santidade é mais uma questão de praticar a justiça (ortopráxis) que de aceitar a doutrina (ortodoxia). Quando, no caminho aberto por Pedro, os cristãos reconhecem Jesus Cristo como “Filho do Deus Vivo”, entram no movimento daqueles que re-produzem no próprio tempo e lugar as ações libertadoras de Jesus.
A santidade é essencialmente um aperfeiçoamento do amor, e o amor não é simplesmente sentimento ou pensamento, mas atitude, relação, prática. Os discípulos e discípulas de Jesus Cristo não fariam nenhuma diferença e não provocariam tensões se fossem apenas portadores de idéias e sentimentos divorciados de ações e práticas. São estas últimas que fazem a diferença, transformam e inquietam. “Pra construir um mundo novo, o Senhor nos enviou...”
“Para que eu pudesse anunciar toda a mensagem...”
Mas isso não quer dizer que a ação dispensa o anúncio. A práxis do amor e o testemunho de serviço vão à frente, mas não podemos deixar de anunciar o Nome e o Projeto daquele que nos ama, chama, reúne, envia e sustenta. Não se trata de discutir, e menos ainda de impor, mas de compartilhar uma experiência e propor um caminho. Trata-se de “dar as razões da nossa esperança”, mas sempre com humildade, respeito e discrição. “Pra construir um mundo novo, o Senhor nos enviou...”
A condição de quem avança no caminho da santidade e anuncia o Evangelho é diferente daquela de um/a professor/a que ensina uma doutrina, mesmo que seja uma doutrina correta e importante. É mais próxima da situação de quem sabe que recebeu algo que é maior que ele/a, de quem sente-se como um vaso rústico e frágil que guarda um tesouro precioso. Assim, aceita de bom grado quebrar-se e desaparecer, desde que o tesouro resplandeça, encante e anime.
“Herodes decidiu prender também Pedro...”
Uma certa espiritualidade corre o risco de fazer desaparecer dos santos e santas a humanidade e a conflitividade. Como esquecer que um número considerável de santos e santas foram barbaramente martirizados? Como olvidar que muitos personagens que hoje ocupam os altares dos templos foram considerados incômodos e até hereges pelas autoridades religiosas e políticas? Não é verdade que a santidade vem sempre de mãos dadas com o poder e recebe seus aplausos...
Ao lado e complementarmente a uma profunda liberdade e a uma grande bondade relacional, a santidade tem hoje de novo um componente marcadamente político. Homens e mulheres verdadeiramente santos/as – mesmo que não se apresentem como pessoas religiosas – experimentam a execração pública e a frieza das celas, como Pedro, Paulo e tantos outros/as. Novos discípulos e discípulas continuam sendo gerados nas catacumbas e masmorras, nos desertos e periferias, nas ruas e nas praças...
“Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”
Temos o direito e o dever de celebrar nossos santos e santas. Rosa, Antônio, Luís, Madalena, João Batista, Maria, Tomas, Pedro e Paulo são irmãos e irmãs que nos antecederam e dos quais herdamos a coragem de sonhar e de transformar os sonhos em realidade histórica. Com eles e elas formamos uma Igreja santa, uma comunidade eclesial que traz no seu próprio DNA a vocação de ser povo e de ser santa.. Eles/as não deixam que se apague aquilo que todos somos chamados/as a ser. “Pra construir um mundo novo, o Senhor nos enviou...”
Celebrando Pedro e Paulo, aprendamos deles a combater o bom combate e a fazer a fé frutificar. É sobre a fé frutuosa e coerente de cada membro do povo de Deus que Jesus edifica sua Igreja. Perseveremos no caminho que eles fizeram: na partilha do pão, na comunhão orante, na prioridade dos pequenos, na doação sem limites, no testemunho de serviço, na confiança radical naquele que nos fortalece. E peçamos que eles não deixem que a Igreja e seus membros se conformem com os esquemas violentos e cínicos deste mundo.
Pe. Itacir Brassiani msf
sexta-feira, 26 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Santo do Dia
A relevância do papel de São João Batista reside no fato de ter sido o "precursor" de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda.
Já no Antigo Testamento encontramos passagens que se referem a João Batista. Ele é anunciado por Malaquias e principalmente por Isaías. Os outros profetas são um prenúncio do Batista e é com ele que a missão profética atingiu sua plenitude. Ele é assim, um dos elos de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento.
Segundo o Evangelho de Lucas, João, mais tarde chamado o Batista, nasceu numa cidade do reino de Judá, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, parenta próxima de Maria, mãe de Jesus. Lucas narra as circunstâncias sobrenaturais que precederam o nascimento do menino. Isabel, estéril e já idosa, viu sua vontade de ter filhos satisfeita, quando o anjo Gabriel anunciou a Zacarias que a esposa lhe daria um filho, que devia se chamar João. Depois disso, Maria foi visitar Isabel. "Ora quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre ! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite ?'" (Lc 1:41-43). Todas essas circunstâncias realçam o papel que se atribui a João Batista como precursor de Cristo.
Ao atingir a maturidade, o Batista se encaminhou para o deserto e, nesse ambiente, preparou-se, através da oração e da penitência - que significa mudança de atitude, para cumprir sua missão. Através de uma vida extremamente coerente, não cessava jamais de chamar os homens à conversão, advertindo: " Arrependei-vos e convertei-vos, pois o reino de Deus está próximo". João Batista passou a ser conhecido como profeta. Alertava o povo para a proximidade da vinda do Messias e praticava um ritual de purificação corporal por meio de imersão dos fiéis na água, para simbolizar uma mudança interior de vida.
A vaidade, o orgulho, ou até mesmo, a soberba, jamais estiveram presentes em São João Batista e podemos comprová-lo pelos relatos evangélicos. Por sua austeridade e fidelidade cristã, ele é confundido com o próprio Cristo, mas, imediatamente, retruca: "Eu não sou o Cristo" (Jo 3, 28) e " não sou digno de desatar a correia de sua sandália". (Jo 1,27). Quando seus discípulos hesitavam, sem saber a quem seguir, ele apontava em direção ao único caminho, demonstrando o Rumo Certo, ao exclamar: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". (Jo 1,29).
João batizou Jesus, embora não quisesse fazê-lo, dizendo: "Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim ?" (Mt 3:14). Mais tarde, João foi preso e degolado por Herodes Antipas, por denunciar a vida imoral do governante. Marcos relata, em seu evangelho (6:14-29), a execução: Salomé, filha de Herodíades, mulher de Herodes, pediu a este, por ordem da mãe, a cabeça do profeta, que lhe foi servida numa bandeja. O corpo de João foi, segundo Marcos, enterrado por seus discípulos.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
domingo, 21 de junho de 2009
Trav. Francisco de Leonardo Truda, 98
90010-050 – PORTO ALEGRE/RS
Porto Alegre, 06 de junho de 2009
circular: 14
Assunto: Seminário Estadual da Vida Religiosa Inserida
Estimadas Irmãs e estimados Irmãos!
“A paz esteja com vocês!” (Jo 20, 21)
Motivadas (os) pelo ardor missionário e pelo vigor entusiasmado do Seminário Nacional da Vida Religiosa Inserida (VRI) em Meios Populares e Novos Espaços de Presença Solidária, realizado em Carpina - Recife, de 17 a 20 de abril de 2009, estamos nos articulando para a realização do Seminário Estadual da VRI.
Dando continuidade ao processo de reorganização e revitalização da VRI, a CRB Nacional assumiu este compromisso na XX Assembléia Geral como uma de suas prioridades: “Resgatar de forma criativa a Inserção em Meios Populares, bem como a missionariedade em regiões carentes, do mundo urbano, ad gentes e em realidades emergenciais”.
Por isso convidamos, com muita alegria, as religiosas e os religiosos de todas as congregações e províncias para o Seminário Estadual:
Data: 07 a 09 de agosto de 2009
Local: CAJU (Casa da Juventude)
Rua Aracaju, 651- Vila Nova – Porto Alegre
Fone: (0XX51) 32414722
TEMA: “Espaços da Vida Religiosa Inserida no contexto atual do RS”
Sub Temas:
· Conjuntura Social, política, econômica e ecológica do RS.
· A Igreja no RS, no atual momento histórico.
· Uma luz que vem da Palavra de Deus (Bíblia) para a VRI
· O agir na VRI ontem e hoje (Resgate histórico e profecia hoje).
Objetivo:
Animar a VRI do RS, perseverar nos caminhos já trilhados e criar novas formas de
presença solidária.
Programação:
Sexta feira - Início com o jantar - 18:30
- Acolhida, apresentação, Mística, programação.
- Resgate, partilha do Seminário Nacional.
Sábado
Manhã: (Ver)
· Oração
· Painel: Conjuntura social, política, econômica, ecológica: Pe. Inácio Nutzling;
· Conjuntura Eclesial do RS: Frei Wilson Dallagnol;
· Reações e interação com o plenário
Tarde: (Julgar)
· Iluminação bíblico-teológica: Ir. Cleusa Maria Andreatta
· Resgate histórico da Inserção: Ir. Inês Pretto
· “Eu testemunhei a Inserção da VR” – Adelaide Klein
· Celebração Eucarística.
· Noite: Partilha e convivência.
Domingo (Agir)
· Oração
· Aprofundamento e desdobramentos práticos das provocações do sábado
· Encaminhamentos a partir deste Seminário
· Encerramento com Bênção de envio - almoço às 13 horas.
Inscrições na CRB/RS. R$ 20,00, até o dia 30 de julho; após esta data, 25,00.
Hospedagem: Total de 50,00 que serão pagos no local do encontro.
Pedimos que todas(os) as(os) provinciais repassem este convite às suas comunidades inseridas, para que suas irmãs e seus irmãos possam participar. Desde já, muito obrigada!
Que a LUZ do Divino Espírito Santo sempre lhes conceda a sua força e assistência em todos os momentos e situações.
Um abraço fraterno, com ternura.
Ir. Clarice Teresinha Heck
Coordenadora do Grupo de Reflexão VRI
Ir. Marilúcia Bresolin
Presidente da CRB/RS
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Carta da Vida Religiosa do Brasil
Seminário Nacional da VRI e solidária
Sob a inspiração da matriarca Anna Roy e do patriarca Dom Helder, a Vida Inserida no Brasil esteve reunida em Carpina, PE., respigando a memória, celebrando o presente, sonhando profecia.
Iniciamos o encontro peneirando a vida através da partilha do nosso ser e agir, nas 20 Regionais da CRB. Nossos olhos maravilhados contemplaram a força renovadora da Ruah que perpassa a Vida Religiosa Inserida de Norte ao Sul, do Leste ao Oeste. Nosso rosto foi sendo tecido a partir da diversidade de presenças, confirmando que o nosso lugar é a periferia e a fronteira.
Fomos tomando consciência de que a VRI traçou uma identidade própria de Vida Consagrada, lá onde a vida é mais ameaçada. E mesmo assim fomos tocadas/os pela pergunta: será que não está faltando sedução na Vida Religiosa? Sedução é atração para o Mistério; é deixar-se cativar e encantar-se. A VRI é uma vida seduzida e mística por natureza. Vida de sedução pelos pobres, presença do Reino de Deus.
Algumas janelas se abriram diante de nós no contexto de crise que nosso mundo está vivendo. Crise tem a ver com espelho. Necessário se faz olhar o passado para recuperar a água da Fonte. Caminhos se abrem diante de nós: encruzilhada. Ou vamos ao berço ou às fronteiras. Nada é tão fértil como o deserto. É aí que maturam as sementes, debaixo da terra. A semente cresce para baixo antes de crescer para cima. É do chão que as mudanças nascem. É no deserto que se cultiva a esperança.
Em comunhão com todos os Povos Indígenas pudemos rezar e dançar. E continuando com a ciranda de nossas reflexões e conversas, também nos perguntamos: qual a esperança da nossa mãe Terra? A Gaia é um ser vivo: nasceu, se formou, se cansa, descansa, adoece, envelhece e morre. A reflexão ecológica nos desafia a repensar o nosso paradigma da Teologia da Criação.
A releitura Bíblica da vivência da Tribo de Levi traz luz para nós. Levi significa aderir à missão de irradiar a presença libertadora de Javé. Levi não recebe terra porque sua herança é Javé. Levi está presente em todas as tribos como fermento.
A referência às primeiras comunidades eclesiais nos levou ao questionamento: onde está a vocação fundamental em nós como Igreja? VRI tem a ver com a igreja doméstica das primeiras comunidades. Todas as vezes que ela volta aos pobres ela rejuvenesce porque na inserção aprendemos a misturar a Palavra e a vida. Nós redescobrimos no rosto dos pobres o rosto divino. Junto com eles nós redescobrimos a comunidade, lugar da interação, da escuta e do diálogo, do cuidado e do toque feminino.
Muita VIDA foi celebrada do começo ao final do nosso encontro. A Palavra, o pão e o vinho foram partidos e repartidos entre nós. Saímos movidas/os pelo dinamismo da utopia que é o “não lugar”. E esse é o melhor lugar para pensar o Novo Lugar: tráfico de seres humanos, trabalho escravo, biomas, políticas públicas, Povos negro e indígenas, mundo urbano, economia solidária, movimentos camponeses, itinerância e intercongregacionalidade...
Partimos com a certeza de que continuamos num processo permanente de gestação da vida em comunhão com toda a criação. E nós testemunhamos que Ele está no meio de nós.
Carpina, Pentecostes da VRI e solidária, 20 abril 2009