quinta-feira, 16 de julho de 2009

4ª Romaria da Floresta

22 a 25 de julho de 2009

Povo organizado: Direitos conquistados

De Anapu até Lote 55 no PDS Esperança
Irmã Dorothy Stang: uma vida profética
“Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar.

Falar de Irmã Dorothy Santg, é sempre um momento para se recordar seu amor e sua dedicação profunda ao projeto de Deus, nas pegadas do Mestre Jesus, tendo como referência: os pobres e as famílias do povo amazônico de Anapu. Mulher consagrada, mística, evangélica e audaciosa, são essas características e outras que fazem de seu itinerário, uma vida profética. Ela testemunhava um amor imenso pela vida, dom de Deus Criador, que nos deu de presente a natureza e tudo o que dela contém para nossa realização humana, e sustentabilidade. Assim, desse modo, sabia fazer uma ligação profunda e contemplativa, que unia fé, vida e espiritualidade. Esse testemunho de vida se contemplou no cuidado e na defesa da vida ameaçada. Em sua trajetória, esse foi o seu grande compromisso, de lutar pela vida da Amazônia e, sobretudo os povos que lá vivem que não tem condições de viver e trabalhar nela e cultivar uma vida digna.

Segundo o que se conhece sobre sua vida, Ir. Dorothy Stang foi uma mulher sempre presente nas lutas pelas causas sociais. Ela não se preocupava com os riscos que correria, ou seja, não a deixava se abater pelas ameaças que já vinha encontrando na sua missão, no objetivo de defender a causa do povo, através da preservação da floresta e da terra. Seu sonho era construir um projeto em que o povo pudesse sobreviver, na dinâmica de preservar em vez de devastar, que se assegurou num projeto solidário: PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável). Conhecida como mulher batalhadora senhora de fala mansa, convicções firmes e inesgotável energia, Dorothy Santg caminha cada vez mais na entrega total de sua vida, confiante e alimentada pela Palavra de Deus, configura-se ao mistério pascal de Cristo, no dia 12 de fevereiro de 2005 em Anapu / PA, calaram a voz profética da Amazônia, assassinando-a brutalmente, nossos olhos choraram profundamente a eterna saudade de sua presença alegre e audaz, e a falta de justiça pelos culpados dessa morte tão cruel. Mas o que há de importante, é que ainda hoje não calaram nossas vozes e nem o clamor de nossos corações por mais justiça e igualdade para todos. Esse foi o sonho de Dorothy, certamente, também é o sonho de todos/as nós, que nos unimos ao grito de muitas famílias indefesas marcadas pela realidade absurda do latifúndio, da violência e da falta de impunidade diante destas causas. Portanto, todos/as nós que levantamos a bandeira de luta de Ir. Dorothy. Devemos continuar semeando a esperança que se há de transformar outras mentes para que se haja uma consciência ativa, de não pararmos de sonhar sonhos possíveis...

Essa romaria é um marco concreto na iniciativa de não nos desanimarmos frente a toda essa situação de morte. Mas é preciso, continuar buscando, lutando e gerando vida, sonhando um novo amanhecer que é possível se realizar. Como diz Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em plenitude” (Jo. 10,10) Nesta Romaria, queremos mostrar que quando estamos organizados, juntamente com a força do povo, nós seremos capazes de avançar na realização do sonho de ter terra, pão e lar para todos. Enfim, a figura dessa venerável mulher é um espelho, que faz com que olhamos para dentro de nós, buscando nos inserir cada dia no mundo em que vivemos sem deixar de viver concretamente o projeto de Jesus, a dedicação e a promoção em favor da vida, e da vida do ser humano.
Irmã Dorothy vive, vive! Sempre, viverá!
Ir. Francilene Cavalcante, ICMR.
Belém, PA, 15 de Julho de 2009.

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