quinta-feira, 14 de abril de 2011

OS 7 "Cês" MAIS NECESSÁRIOS NA VIDA FRATERNA*

A propósito de uma contínua reflexão sobre a dinâmica da vida fraterna comum e seus novos desafio;

Cyzo Assis Lima,fpm


A Vida Fraterna – VF - é uma graça de Deus acima de tudo. Muitas vezes perdemos esta consciência na nossa própria forma de viver e ser na comunidade de vida comum. Há poucos dias uma jovem muito entusiasmada e motivada para consagrar sua vida a Deus me disse de forma muito bonita: “Acho lindo como vejo o relacionamento entre vocês, os membros da Comunidade. Sinto que são de fato uma família, irmão e irmãs que se amam e se apóiam uns nos outros”. Essa jovem sem saber está falando de uma linda página do evangelho: “VÓS SOIS IRMÃOS” nos diz Jesus. (Mt 23,8). Apresento esta pequena e modesta reflexão quanto aos 7 Cs mais importantes/necessários na vida de irmãos e irmãs que se dispõem a caminhar juntos no serviço diário do Senhor do Reino e no Reino do Senhor. Naturalmente que a escrevo a partir do contexto de nossa vida e missão enquanto um carisma novo na Igreja e de vida fraterna mista. Talvez este texto seja melhor dirigido aos que estão no estágio formativo, especialmente no Noviciado ou Juniorado.


“Vede: como é bom, como é agradável habitar todos juntos, como irmãos. É como o óleo fino sobre a cabeça, descendo pela barba, a barba de Aarão, descendo sobre a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermon, descendo sobre os montes de Sião; Porque aí manda Javé a bênção, a vida para sempre” - Salmo 133, 1-3

1º “C” = CORAGEM

“Coragem! Ele te chama. Levanta-te!” - Marcos 10, 49-52

É preciso estar tomado pelo Espírito de Deus, pelo DOM da Coragem que vem direto do Espírito Santo para de fato consagrar a vida pessoal num caminho comunitário, com seus altos e baixos. A coragem aqui requer lucidez – dez luzes – e a pessoa não pode estar inserida numa espécie de “nuvem escura” onde caminha com insegurança, insatisfações e até mesmo medo. Sem a coragem que vem do mais profundo da pessoa, ela será sempre uma pessoa permanentemente insatisfeita dentro da vida fraterna. Não se joga prá valer para ser irmão ou irmã dos outros. Sempre vai ter uma espécie de “concessão ou negociação”, como se o ser irmão, na ótica do evangelho, fosse algo a ser negociado.

O ser irmão ou irmã é um projeto de amor e o amor requer coragem. A Bíblia está cheia de experiências humanas de coragem e encorajamento de uns aos outros na construção fantástica do tornar-se irmão por causa do amor de Deus derramado nos corações. Continua sendo um testemunho que fala alto e também um mistério a vida fraterna numa cultura que lança milhões no individualismo e até mesmo no mais doentio egocentrismo. Sem uma boa dose de coragem evangélica jamais alguém tornará irmão ou irmã numa comunidade de vida fraterna.

Há lindas experiências humanas na Igreja carregadas da mais fantástica beleza da fraternidade vivida numa autêntica irmandade/sororidade. Infelizmente também a Igreja torna-se espaço para vidas doentias, sofridas e que se tornam amargas, autoritárias, pesadas, por não serem vividas na dimensão evangélica do ser com os outros e para os outros. Sem ser irmão ou irmão na vida fraterna-comum, vive-se uma contínua tensão ou dualidade que leva à insatisfação contínua e infelicidade humana.

Em marcos 10,49-52 Jesus está em plena construção do seu movimento discipular. Ele chama pessoas para integrarem a experiência do seguimento onde a partilha da vida, das esperanças e de tudo que daí deriva é fundamento primeiro. Entrar no movimento de Jesus é assumir a nova identidade do ser irmão dos que estão com Jesus. Esta dinâmica escapa aos “caprichos” humanos e torna-se 100% divina, pois é o Senhor que chama e organiza em torno de SI seus amigos e os levam a uma comunidade de irmãos em prol do Reino.

2º “C” = CONVERSÃO

“Quem és tu Senhor?” E a resposta: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo” Atos 9, 5

Só se torna verdadeiramente irmãos e irmãs quem interiormente deixou-se trabalhar pela Palavra de Deus, fazendo um sincero processo de conversão humana e espiritual. Sem conversão não se pode tornar-se irmãos e irmãs. Há muitas comunidades religiosas onde os membros são apenas “irmãos de mentirinha” e num plano apenas teórico.

A práxis fraterna requer a capacidade de “carregar” uns aos outros nas alegrias e nas tristezas, nos fracassos e nas vitórias. Sem um coração e uma mente convertidos a um amor profundo e ilimitado, a uma relação amorosa com quem eu acolhi no meu coração como meu irmão ou minha irmã, vive-se apenas uma vida de contínuas tensões e perdas de energias, onde quase não reina a harmonia e a alegria fraternal. Em tal comunidade mais se tem velas “funerais” de choro que “fogos” de alegria e festa;

Jesus lutou firmemente e decididamente para que seus discípulos aprendessem o difícil e fantástico caminho do ser irmão entre eles. Quando Ele diz: ”Vos sois irmãos”!, na verdade está dizendo: “agora vocês tem uma nova identidade”. Esta identidade nova torna vocês mais humanos, mais divinos e melhores pessoas e tem todos um mesmo Pai, um mesmo caminho e uma mesma paixão: O Reino de Deus. A conversão à alteridade precisa de certo tempo e de um processo onde muitos e importantes suportes devem ser levados em conta. Mas o principal está no coração de cada pessoa que de fato assume o aprendizado e a alegria do acolher em si o outro ou a outra como parte de si mesmo e dádiva que o Bom Deus, o querido ABBA, presenteia. Não há dinheiro suficiente que paga a beleza em poder abraçar-nos como verdadeiros irmãos e irmãs no Nome e na causa do Senhor.

Conversão à Fraternidade é mais difícil que conversão à luta pela justiça ou a algo equivalente. A Fraternidade na mutualidade exige entrega total, transparência, ascese contínua e interminável. Conforme eu me adentro na relação mais profunda com os demais em torno de mim vou paralelamente adentrando a mim mesmo no meu eu mais profundo também. Às vezes não queremos descer em nossos “porões” e tememos ver por lá algo que uma vez “conhecido” precisará ser também “mostrado”. A quem mostrar? Certamente para aqueles que confiamos e com quem já construímos uma evangélica cumplicidade fraterna. Na caminhada para a vida fraterna autentica nos tornamos também mais evangelizados e por isso mesmo mais verdadeiros.

3º “C” = COMUNICAÇÃO

“Eu e o Pai somos um!” João, 10,30

Na comunicação os seres humanos se completam e buscam juntos o sentido maior para a existência. Jesus foi comunicação viva com seus discípulos, com o povo que o seguia e especialmente com os pobres e sofredores com os quais Ele sempre buscava ter proximidade. Proximidade requer comunicação liberta, adulta, e tal comunicação leva à proximidade maior. Cria-se um ciclo fraterno-saudável.

Na vida fraterna o diálogo maduro, respeitoso e fluente é fundamental para a boa qualidade da própria vida dos membros. Como irmãos e irmãs não podemos viver com um diálogo medíocre, pobre e com contínuas interrupções. Na vida de irmãos/ãs não deve reinar jamais um dia de silêncio enquanto mudez, fechamento ou mesmo empobrecimento do diálogo. Espíritos libertados têm na comunicação e no contato humano as duas asas para que se façam vôos mais altos e mais nobres.

Acontece que a comunicação é uma arte que se aprende e não se adquiri por mérito pessoal. Nós humanos precisamos ser ajudados para que possamos falar no nosso inicial processo de apoderação da linguagem. Muito da comunicação na vida adulta tem a ver com o processo vivido onde os pais acertaram mais ou menos no ensino da linguagem e da comunicação baseada em valores e imagens portadoras de alegria, co-responsabilidade, educação e harmonização. Pessoas que se ferem facilmente e se fecham por quase nada tem um déficit não trabalhado na sua primeira infância quando aprenderam a falar. Há também um processo de “aprender a falar” no plano espiritual e da vida fraterna, mesmo quando se vai ficando adulto.

A linguagem de irmãos e irmãs em Nome do Senhor deve ser baseada em conteúdos onde os valores do Reino de Deus estão sempre presentes. Uma sadia comunicação na comunidade de vida fraterna eleva os espíritos dos membros e torna possível a eles acertar mais em tudo o que fazem juntos. Jesus primou sobremaneira na comunicação com seu discipulado. Na verdade Ele era/é a verdadeira comunicação de Deus. Cristo usava imagens que elevava os espíritos dos mesmos e trazia a eles uma sabedoria natural.

A comunicação é pobre quando gira mais em torno de sub-cultura ou em torno de temas que nada acrescentam à inteligência e à interioridade das pessoas. No período da formação sempre peço e insisto que os formandos e/ou formandas cuidem do conteúdo de suas falas. Falas com pobre ou infantilizado conteúdo não somam para uma comunicação madura e fecunda; Falas que sempre partem do negativo, da sub-cultura ou mesmo de fofocas intermináveis mostram que a comunicação não está fundamentada na Pessoa de Jesus e no seu evangelho, mas em deformidades do espírito e do caráter. Pessoas com tais deformidades podem ser curadas e devem ser ajudadas. Mas elas precisam esforçar-se mais do que pensam e caso não vençam tal comunicação baseada mais na “baixeza” que na elevação e na plenitude do humano e do Espírito, devem necessariamente deixar a vida fraterna, pelo simples fato de não poder dignificá-la e elevá-la humana e espiritualmente. O diálogo é uma relação em dois e na língua portuguesa esta palavra tem em si duas construções muito lindas: DIA – claridade, sol, visão, harmonia... – e LOGO – palavra, expressão viva e livre, conteúdo dito... ;

4º “C” = CORAÇÃO

«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma” Atos 4, 32

Na comunidade de vida fraterna o centro é o coração. Coração como aquele órgão que irradia sangue, vida, que bate ininterruptamente garantido um ritmo de amorização permanente entre os membros. A vida fraterna pode muitas vezes está tão somente no plano da “cabeça”, do mero racional, formal, calculista, mecanizado e por isso mesmo com alto risco de neurotização. Às vezes a comunidade é bonitinha, arrumadinha, asséptica e até mesmo passa a imagem de uma “comunidade perfeita”. Mas por detrás disso tudo podem estar pessoas sofridas por pouca amorização e com um coração “dilatado”, sem força e sem capacidade de “enviar sangue” renovado a cada um dos seus membros.

Uma comunidade fraterna “sem coração” deve até mesmo fazer Deus sofrer, quanto mais os seus próprios membros. Aqui se precisa muito do Espírito Santo, que é mestre em amorização para que a vida fraterna seja centrada num saudável coração capaz de amar e fazer-se amar. O coração da comunidade fraterna precisa do oxigênio da saudável “cumplicidade” entre os seus membros. Mexeu com um mexeu com todos. Um membro sofre, todos sofrem. Um membro alegra-se, todos se alegram. Um membro adoece, todos sentem. Um membro se cura, todos celebram; Há um centro vital na vida fraterna que se dá como o “coração” entre os membros que de fato se amam;

Está associado ao coração também a dimensão da interioridade da espiritualidade. É também o coração – da comunidade e dos membros individualmente – o lugar de acolhida da Palavra de Deus, da Eucaristia e da caridade fraterna e das lutas solidárias. Uma comunidade assídua à oração, à escuta e à interioridade da Palavra de Deus e que cultiva a dimensão da partilha em vários níveis, será de fato lugar de bênção e de fecunda missão. Passa pelo coração uma séria e viva espiritualidade. Por isso que o coração está no centro da vida fraterna. Dele irradia-se luz e força para as outras dimensões da comunidade, da vida e da missão. Esforçamo-nos para que o nosso coração humano e o coração comunitário sejam mais parecidos com o grandioso coração de Jesus, cheio da beleza do mais puro amor destinado primeiramente aos seres humanos.

5º “C” = COMPROMISSO

“Ainda que para outros eu não seja apóstolo, para vós, ao menos, o sou; pois o ‘SELO’ – compromisso – do meu apostolado sois vós, no Senhor” 1º Coríntios 9, 2

Quando numa comunidade fraterna não existe claramente a aliança de amor, o SELO = PACTO, compromisso, adesão mútua, co-responsabilidade, tem-se uma comunidade “manca das pernas” e que não chegará a lugar nenhum e se chegar chegará com um custo muito alto de muitos machucados. A relação das pessoas no mundo secular dá-se por áreas de interesse. A mentalidade sempre é: “Eu ajudo, mas quero ser ajudado”ou “eu dou algo, mas preciso ser recompensado”. Raramente se vê a mútua colaboração própria de irmãos e irmãs.

Na vida fraterna a colaboração mútua é uma das principais colunas de sustentação da comunidade de vida. Pessoas que não sabem colaborar, servir, ajudar, amar, fazendo, e fazendo amando, não deveriam estar na Vida Consagrada. Em Jesus vemos o melhor exemplo de dádiva ilimitada aos seus irmãos e ao Pai. Podemos entender hoje colaboração mútua como “parceria na mesma causa e na mesma casa”; Somos parceiros, somos parte uns dos outros, em Nome do Senhor Jesus.

Pela colaboração mútua se faz grandes milagres e se alcança lindas vitórias. A própria vida religiosa tem tantos e fantásticos exemplos neste sentido. Mas tem também muito de dor e sofrimento, quando pessoas, que chamamos de “malas sem alça” apenas são sugas-sugas da comunidade e não ativas colaboradoras da mesma. Na colaboração se dividirá os fardos uns dos outros, se aperfeiçoará tempo e espaço para o bem de todos e se faz uma comunidade mais leve e por isso mesmo mais autêntica.

Quando pessoas não são capazes de assumirem um compromisso mútuo e com fraterna seriedade, não são aptas para a vida comunitária fraterna. Passam a ESTAR juntas sem SER juntas. É o SER IRMÃOS que interessa a Jesus no final de tudo.

Há casos de pessoas na Vida Consagrada que fazem os votos “só para” Deus. Elas acham que Deus vai estar ao lado da cabeceira da cama quando caírem gravemente enfermas. Acham que Deus vai à justiça tomar a defesa delas quando por ventura caiam em alguma armação/tentação/injustiça. Acreditam que Deus vai lutar cada dia para que não falte a elas o pão, o remédio, a segurança pessoal e tantos outros cuidados. Deus fará tudo isso e muito mais através dos irmãos e irmãs, pois esta é a única forma que Ele tem para agir em prol dos que a Ele consagram suas vidas. Daí a importância da compreensão horizontal dos votos e não apenas a limitada visão verticalista dos mesmos.

Consagramo-nos a Deus na Igreja. Igreja aqui é compreendida como a comunidade de irmãos e irmãs na mesma fé e reunida em torno da Pessoa do Senhor de nossas vidas: Jesus Cristo. Professamos cada vez: Ele está no meio de nós! Consagração “só a Deus” é anti-comunhão e vai ao desencontro de toda a significância evangélica dos Conselhos Evangélicos;

Num campo de batalha os soldados fazem um pacto que nunca é rompido: caso alguns deles sejam atingidos e não morram, mas ficam gravemente feridos, sem puderem se locomover sozinhos, que possam contar que os companheiros os pegarão e levarão para fora da linha de fogo, salvando ainda suas vidas. Há inúmeros relatos de heroísmos de soldados que colocam sobre os ombros companheiros quase mortos e os carregam em meio ao fogo cruzado para deixá-los seguros. Há ali uma aliança verdadeiramente fraternal.

Mais aliança deveria haver entre os que consagram suas vidas ao Senhor da Vida e que precisam cada dia também “carregar seus próprios irmãos” das mais diferentes formas. O amor que o soldado “salvador” tem pelos seus companheiros de luta é algo que deve tocar a vida de quem não precisa correr risco nenhum para amar/carregar seus próprios irmãos;

Por fim, o “C” de compromisso é também o compromisso que a Comunidade Fraterna deve ter com o Reino de Deus – Lucas 4,14-22ª -. É difícil conceber uma comunidade de vida comum, onde seus membros se dizem irmanados entre si sem um compromisso visível, notório e prático com a dimensão da solidariedade, da missão evangelizadora e da justiça social. Caso torne-se uma comunidade de pessoas que se amam e se apóiam mas que teimam em manter-se fechada das lágrimas e gemidos da humanidade, tem-se certamente um clube e não uma comunidade evangélica. Irmão de verdade não me deixa na acomodação ou na omissão. Irmãos de verdade me levam a um compromisso reinocêntrico que farei também em nome deles.

6º “C” = CONTENTAMENTO

“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegra-vos! Filipenses 4:4

Deve ser trágica uma vida em que a maior parte do tempo é feita sem contentamento = alegria. A falta da alegria leva a baixar nossas defesas e logo nos vemos doentes, melancólicos e até mesmo deprimidos; Aqui não se fala da alegria fugaz que o mundo dá. De uma alegria que gira em torno de meras e até bizarras distrações. A alegria fraternal vem do Espírito Santo e só com ele se pode possuí-la com maior intensidade. Há hoje na psicologia religiosa uma análise que confirma que onde há pouca alegria entre consagrados há aí também pouca vida de oração.

Também não se fala de uma “alegria” que a comunidade “fabrica” com impulsos, motivações ou estímulos externos, vindas de um filme, de bebida alcoólica, piadas de sub-cultura ou afins. A alegria verdadeira vem de um interior pacificado, motivado, centrado, onde a confiança está firmada em Deus, onde o temor, pavor, medo ou qualquer insegurança não são mais componentes da vida da pessoa por ter se lançado fielmente e firmemente no projeto de Deus juntos com outros e outras a quem os/as têm como irmãos e irmãs.

Há um modelo de vida religiosa por demais europeizante que firma-se demais no fazer e numa certa sisudez, como se isso elevasse mais e melhor o espírito religioso. Em tal modelo a alegria não se sente em “casa”. Na cultura brasileira ou latino-americana a alegria é parte integrante da alma das pessoas. Lastimam-se quando jovens oriundos do meio popular e até mesmo com certa pureza no seu ser, ao chegar a determinados ambientes de formação ser “podados” na sua original espontaneidade em conta da sisudez secular da instituição acolhedora. Jesus é antítese da sisudez e de uma vida sem leveza e alegria no cotidiano, mesmo quando se “caminha para Jerusalém”;

Um casal em harmonia, confiança mútua, colaboração diária, tem espaço para muita alegria, mesmo quando aparecem as naturais intempéries da vida. Assim também na vida de membros que optam em viver a vida fraterna, sabem que a alegria é o rico bálsamo que traz uma saudável e importante “faxina” para a melhor atmosfera possível na vida da comunidade fraterna; O grande apóstolo já sabia quando dizia nas comunidades que fundou: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: ALEGRAI-VOS” (Filipenses 4,4).

Veja que a nossa alegria deve partir do Senhor e não de mecânicos estímulos que inventamos para tapar nossas solidões. Podemos estar enfermos, até mesmo com dor e ter a alegria verdadeira, fazendo até mesmo um chiste da dor. Como também podemos estar super saudáveis e sem alegria nenhuma. É uma questão de relação com o Senhor e com o nosso coração e o “coração” da comunidade fraterna; A alegria eleva a alma, desperta a criatividade, cura muitas doenças e neuroses e nos deixa mais joviais e com menos queixas e amarguras. A vida só é plenificada na alegria.

7º “C” = COMUNHÃO

“Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado” - 1 João 1:7

Aqui está o ápice da vida fraterna: a comunhão de vida e de coração de uns com os outros. Comunhão essa que Jesus construiu com seu discipulado na dureza da vida na Palestina do seu tempo. A Igreja nasce de um grupo de pessoas tocadas pelo Espírito Santo e que os de fora vão dizer: eles têm um só coração e uma só alma! (Atos 2, 42-47); Sem comunhão é impossível existir de forma fecunda a Vida Consagrada. Deus é Comunidade de Amor na Trindade Santa e nos quer também como parte viva e dinamizadora dessa comunhão maior.

Mas comunhão exige que se passe de forma consciente e confiante pelos 6 “Cês” anteriores. Sem este processo nos tornamos como uma estátua bonita, bem enfeitada, mas morta e sem movimento. O movimento gerado por uma comunidade que vive em comunhão é algo que fascina e interessa o mundo doentio e vazio de sentido que aí está. As pessoas hoje têm sede de relações de comunhão e de amor profundos.

A comunhão é também uma forma de celebração permanente da vida, da fé, da esperança e da caridade. Quando há comunhão na vida fraterna tudo é de certa forma celebração. Sempre vai haver razões, alegrias e entusiasmo para celebrar a vida e a missão da comunidade fraterna, pois ela vive e atua em comunhão. Um aniversário será celebrado sem improvisação, pois estamos em comunhão com o irmão ou a irmã que celebrará logo mais a sua vida, que é também nossa/minha vida. Celebra-se com alegria a caminhada conjunta, a amizade, o trabalho, as vitórias e até mesmo as perdas e fracassos. Não celebrar com intensidade mostra a não intensidade da vida e da missão, porque está esvaziada de comunhão. Detalhes, coisas aparentemente insignificantes ganham sentido e plenitude onde passa a reinar a comunhão verdadeira. E na comunhão plena de mente (objetivos), de coração (amor) e de vida (caminho/compromisso) vive-se a felicidade testemunhada no salmo 133. Amém!

*Texto sem caráter científico/acadêmico e por isso mesmo sem notas bibliográficas ou afins. O que aqui foi ajuntado é fruto de anotações de um trabalho feito pelo autor num encontro de jovens religiosos. O autor, Pe. Cyzo Assis Lima,fpm, é fundador da FRATERNIDADE PALAVRA E MISSÃO – www.fraternidadesul.org.br - e presta assessoria na área de espiritualidade bíblica e formação para a Vida Consagrada missionária; e-mail: cyzoassis@gmail.com Este modesto texto, interessando, pode ser divulgado em qualquer meio, desde que citado a fonte onde está hospedado: www.unificante.blogspot.com http://unificante.blogspot.com/2011/04/vida-fraterna-comunitaria-modesta.html#more

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